quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Os Mandarins de Simone de Beauvoir

Terminei de ler Os Mandarins (1954) de Simone de Beauvoir da Editora Nova Fronteira. Comprei esse livro novo em uma banca por R$ 10,00, um achado. Eu só tinha lido dessa escritora A Convidada há muitos anos. Li de uma loja que era uma espécie de clube, você pagava um valor por mês e podia ler quantos livros quisesse. Era um pouco longe e comigo não é muito vantajoso. Sebos me atendem melhor.

Obra Jardim Medieval (1955) de Jean Dubuffet

Os Mandarins fala de um grupo de intelectuais, jornalistas e escritores, após a Segunda Guerra Mundial. Falam que Beauvoir se inspirou em sua vida, Camus e Sartre para criar os personagens. Imagino que os personagens venham realmente do seu universo tal a tranquilidade com que relata os embates políticos da época. Me senti muto confortável na leitura, em um ambiente muito familiar.

Obra O Abacaxi (1948) de Henri Matisse

Apesar do universo ser confortável, os embates são bem angustiantes. A maioria acredita que haverá nova guerra. Incríveis as discussões éticas e morais. Chega a informação dos tenebrosos campos de concentração da URSS. A maioria acha que não pode revelar essa informação porque seria muito prejudicial ao comunismo. Vidas humanas são menos importantes que diretrizes políticas. Há vários embates e questionamentos. Me lembraram muito as discussões atuais sobre esquerda e direita, hoje um tema já envelhecido e distorcido. Amizades terminam, radicalismos. Acusações que a pessoa passou para a direita só porque lutou pelos direitos humanos. E de todos os lados. Um jornal pode perder o apoio porque resolveu denunciar a ditadura em Portugal. O patrocinador ameaça e diz que o artigo feriu os Estados Unidos. Novamente o que vale é a política e não a proteção ao ser humano. A atualidade de Os Mandarins foi surpreendente.

Obra Banho de André Lothe

Após a Segunda Guerra Mundial as relações afetivas começam a tomar novos contornos. A monogamia não é mais vigente. Mas é um período de transformação. A esposa não se incomoda das amantes do marido até ele desejar levar uma delas a uma viagem que negou a esposa. Essa moça é filha de sua melhor amiga. Ela briga, reclama, o marido viaja com a moça. Racionalmente ela resolve aceitar o marido de volta, que estava errada em se incomodar. E sublima o que emocionalmente sente. O livro aborda a dificuldade de lidar com as relações entre razão e emoção, o que nem sempre dá muito certo. Gostei muito da forma madura como as relações são tratadas e do fato dos personagens se exporem muitas vezes com reações imaturas, como são realmente as pessoas. Ou mesmo da dificuldade das pessoas perceberem que o amor já acabou, que o marido só tem tédio e continua na relação porque é confortável manter a casa e os amigos, mas vive distante da esposa que finge não perceber para não perder o amor. A autora também fala de forma crua sobre o envelhecimento. O desconforto em perceber o envelhecimento da amiga e o seu.

Tanto o compositor bem como os pintores são franceses e as obras são de períodos próximos a publicação da obra.


Beijos,
Pedrita

18 comentários:

  1. Tema interessante, Pedrita. Realmente esse livro foi um achado! As telas são muito bonitas!

    Beijos, Pri
    vintage.blogspot.com

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  2. Nunca li nada de Beauvoir, mas pela trama dá para perceber quanto a história se repete e levanta os mesmos medos. Pareceu-me de facto interessante.
    Parte do que disse fez-me lembrar precisamente a briga entre Camus e Satre, onde o primeiro denunciava terrores comunistas e o segundo considerava tal denúncia prejudicial à sua ideologia.

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    1. carlos, acho q vai gostar. então é verdade que o livro é inspirado na vida dela, de camus e de sartre.

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  3. Nunca li nada de Simone de Beavoir, gostei da temática desse que vc leu. Boa dica essa sua, irei anotar para minha lista de desejos.
    Beijos
    Adriana

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  4. Dela, li "A cerimônia do adeus" e "A Velhice".
    Ela, como eu, não gostou de está envelhecendo.

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    1. liliane, lemos livros diferentes da autora. eu me impressiono com a quantidade que ela escrevia.

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  5. Oi Pedrita,
    Morro de curiosidade de ler algo da Simone de Beauvoir
    big beijos

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  6. Agora que eu li o Mishima pela segunda vez e o mesmo livro, fiquei com vontade de continuar com ele, embora as obras da Marguerite Yourcenar estejam aqui (pois eu trouxe do Rio) na minha frente. Simone de Beauvoir vai ficando para trás. Eu tenho esse livro A Convidada, que está na minha estante a pelo menos uns 5 anos!

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    1. fatima, vc vai amar yourcenar, é impressionante. eu gostei de a convidada. li há vários anos. gosto da beauvoir. os mandarins tb ficou na minha estante um tempinhno.

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  7. Olá,. tudo bem? Já assisti A Grande Aposta.. Excelente filme! Neste sábado, vou acompanhar O Regresso.. Depois comento aqui Bjs, Fabio www.tvfabio.zip.net

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    1. fabio, o da aposta não tenho vontade de ver, mas quero ver se consigo assistir regresso.

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  8. Hello querida Pedrita!
    Ótima dica, bons livros são bem vindos sempre, gostei do
    preço, rsrs.

    Bjs ♥

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    1. andréa, em conta demais não. esses achados. é um bom livro.

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  9. Oi Pedrita!
    Passando para desejar um bom fim de semana. Te indiquei em uma TAG!

    Beijos, Pri
    vintage.blogspot.com

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